Variação - A raiz de todos os males
Bom antes de iniciar meu texto dessa semana, quero desejar um feliz 2012... e torcendo pra que o mundo varie apenas o esperado... mais ou menos 3 sigmas
Sempre que inicio meus treinamentos falo que a ferramenta do DMAIC é a mais apropriada para entendermos de onde vem e como se comporta a variação.
O objetivo principal de um projeto Seis Sigma é entender quais são os inputs que mais afetam os outputs, qual o impacto da variação dos mesmos na variação da nossa saída de processo.
Vou ilustrar esse tema com a estória abaixo:
Como cliente, a pior experiência que eu poderia imaginar é ser vítima da variação de um processo. "Não parece ser tão ruim assim", você pode estar pensando. Procure se lembrar da última vez em que você:
- foi ao supermercado e selecionou exatamente o caixa mais lento da loja;
- fez um corte de cabelo mais curto ou mais longo do que de costume, que definitivamente não foi aquilo que você pediu;
- decidiu ir a uma loja de sapatos, mas ficou encalhado com um vendedor que não sabia dar informação nenhuma.
É provável que você consiga fazer uma pequena lista de suas próprias experiências ruins sem fazer muito esforço, mas é provável que você se lembre também de quando pegou a fila mais rápida no supermercado, recebeu um corte de cabelo perfeito e ficou pasmo com o conhecimento do vendedor que o atendeu. Foi uma sensação ótima, não foi?
Vamos examinar algumas maneiras que podem nos ajudar a avaliar a variação em processos.
Primeiramente, é importante entrar no espírito da coisa - imagine que seus filhos tenham passado o dia todo implorando por uma pizza e, no caminho para casa, você pára para pedir uma pizza pela qual você ficará aguardando no local. Analise o conceito de variação examinando o tempo de preparação (em minutos) de 10 pizzas feitas por duas pizzarias concorrentes. Veja abaixo a lista de tempos:
Pizzaria ABC | 6,5 | 6,6 | 6,7 | 6,8 | 7,1 | 7,3 | 7,4 | 7,7 | 7,7 | 7,7 | ||
Pizzaria XYZ | 4,2 | 5,4 | 5,8 | 6,2 | 6,7 | 7,7 | 7,7 | 8,5 | 9,3 | 10,0 | ||
Se usarmos ferramentas estatísticas comuns, como média, mediana, moda e amplitude média, obtemos os seguintes resultados: | ||||||||||||
| Pizzaria ABC | Pizzaria XYZ | ||||||||||
Média | 7,15 | 7,15 | ||||||||||
Moda | 7,70 | 7,70 | ||||||||||
Amplitude média | 7,10 | 7,10 | ||||||||||
| | | | | | | | | | | ||
A partir desses resultados, podemos perceber que as duas pizzarias têm as mesmas medidas de tendência central; assim, em média, os clientes esperam a mesma quantidade de tempo pelas pizzas nos dois restaurantes. Baseando-se apenas nessas medidas, não é possível perceber qualquer diferença entre os dois processos.
Contudo, se voltarmos aos dados originais, perceberemos uma diferença bastante distinta: o tempo de preparação da Pizzaria ABC varia muito menos do que o tempo da Pizzaria XYZ. Se todas as outras características da pizza (sabor, temperatura, tamanho, recheio, qualidade, cordialidade no atendimento, etc.) forem iguais, é mais provável que o cliente prefira a Pizzaria ABC, onde não há a possibilidade de ficar aborrecido por ser a única pessoa cujo tempo de preparação da pizza é muito mais lento do que o dos outros.
Verificando e comparando as diferenças de variação entre o tempo de preparação das duas empresas, podemos ter uma idéia do que é variação. Porém, nos negócios, é preciso mais do que uma idéia - é preciso medir e quantificar a variação dos processos. Por essa razão, apresentaremos a seguir o uso de duas ferramentas: amplitude e desvio-padrão.
Usando a Amplitude para Entender a Variação
A maneira mais fácil de medir a variação é por meio da amplitude, que é simplesmente a diferença entre o maior valor e o menor valor.
No caso da Pizzaria ABC, a amplitude é a diferença entre 7,7 minutos (maior valor) e 6,5 minutos (menor valor), que é igual a 1,2 minutos.
A amplitude do tempo de preparação da Pizzaria XYZ é: 10,0 - 4,2 = 5,8 minutos.
Essa amplitude dos dados, muito maior do que a anterior, sugere que o processo da Pizzaria XYZ apresenta uma quantidade maior de variação associada.
Embora seja muito fácil de computar, a amplitude apresenta também alguns inconvenientes. Geralmente, ela é inferior a outras medidas de variação que utilizam os valores de cada dado. Por exemplo, se examinarmos os dois grupos de dados, A e B, apresentados na tabela abaixo, poderemos computar as amplitudes como sendo 19 e 16, respectivamente.
Essa análise sugere que o grupo B apresenta muito menos variação do que o grupo A, mesmo que os números do grupo A sejam muito próximos um do outro, enquanto os números do grupo B apresentem mais variação.
A amplitude, nesse caso, pode induzir a erro, pois utiliza, apenas, os valores máximo e mínimo do conjunto de dados.
O desvio-padrão seria uma ferramenta melhor para calcular a variação nesse caso.
Usando o Desvio-Padrão para Entender a Variação
Uma das medidas de variação mais importantes é o desvio-padrão. O desvio-padrão (s) de um conjunto de dados de uma amostra é uma medida da variação dos dados em relação à média.
Utilizando esse conceito, agora podemos comparar a variação das duas pizzarias e observar que o desvio-padrão referente à Pizzaria ABC (0,48 minutos) é muito menor do que o desvio-padrão referente à Pizzaria XYZ (1,82 minutos).
Isso dá suporte à nossa observação inicial dos dados e aos nossos resultados da amplitude como quantificação da variação, e certamente escolheríamos a pizzaria ABC na próxima vez que nossos filhos estivessem famintos.
(Fonte: QSP - Marily Tavares Sales)
Boa Noite Master, aqui é Juliano Nishicava de Ouro Preto. Estava lendo seu texto e na parte em que começa a explicar os inconvenientes da análise pela amplitude, você citou uma tabela que seria mostrada abaixo, porém não tem tabela. Cheque isso para que fique melhor para estudarmos. Obrigado e desculpa a enxeção de saco! rsrs um grande Abraço
ResponderExcluirOi Juliano! A tabela esta acima, e os valores da amplitude no texto, e muito obrigada por apontar esse erro!! Abraço e boa sorte na sua nova jornada!!
Excluir