Recordando os 14 princípios de Deming



Boa noite!

Semanas interessantes, ano com muito movimento, deixando meu coração muito feliz!!

Deming (William Edwards Deming) é uma das pessoas que inspira meu trabalho e escreveu, na década de 80, baseado na sua experiência no Japão, os "14 princípios" que constituem o fundamento dos ensinamentos ministrados aos altos executivos (no Japão), em 1950 e nos anos seguintes.
Esses princípios constituem a base da filosofia da qualidade e é aplicada a todos os tamanhos de organizações, na indústria de transformação como na de serviços. Do mesmo modo, aplicam-se a qualquer unidade ou divisão de uma empresa.

Vamos recordar:

1º princípio: Estabeleça constância de propósitos para a melhoria do produto e do serviço, objetivando tornar-se competitivo e manter-se em atividade, bem como criar emprego;
2º princípio: Adote a nova filosofia. Estamos numa nova era econômica. A administração ocidental deve acordar para o desafio, conscientizar-se de suas responsabilidades e assumir a liderança no processo de transformação;
3º princípio: Deixe de depender da inspeção para atingir a qualidade. Elimine a necessidade de inspeção em massa, introduzindo a qualidade no produto desde seu primeiro estágio;
4º princípio: Cesse a prática de aprovar orçamentos com base no preço. Ao invés disto, minimize o custo total. Desenvolva um único fornecedor para cada item, num relacionamento de longo prazo fundamentado na lealdade e na confiança;
5º princípio: Melhore constantemente o sistema de produção e de prestação de serviços, de modo a melhorar a qualidade e a produtividade e, consequentemente, reduzir de forma sistemática os custos;
6º princípio: Institua treinamento no local de trabalho;
7º princípio: Institua liderança. O objetivo da chefia deve ser o de ajudar as pessoas e as máquinas e dispositivos a executarem um trabalho melhor. A chefia administrativa está necessitando de uma revisão geral, tanto quanto a chefia dos trabalhadores de produção;
8º princípio: Elimine o medo, de tal forma que todos trabalhem de modo eficaz para a empresa;
9º princípio: Elimine as barreiras entre os departamentos. As pessoas engajadas em pesquisas, projetos, vendas e produção devem trabalhar em equipe, de modo a preverem problemas de produção e de utilização do produto ou serviço;
10º princípio: Elimine lemas, exortações e metas para a mão-de-obra que exijam nível zero de falhas e estabeleçam novos níveis produtividade. Tais exortações apenas geram inimizades, visto que o grosso das causas da baixa qualidade e da baixa produtividade encontram-se no sistema, estando, portanto, fora do alcance dos trabalhadores;
11º princípio: Elimine padrões de trabalho (quotas) na linha de produção. Substitua-os pela liderança; elimine o processo de administração por objetivos. Elimine o processo de administração por cifras, por objetivos numéricos. Substitua-os pela administração por processos através do exemplo de líderes;
12º princípio: Remova as barreiras que privam o operário horista de seu direito de orgulhar-se de seu desempenho. A responsabilidade dos chefes deve ser mudada de números absolutos para a qualidade; remova as barreiras que privam as pessoas da administração e da engenharia de seu direito de orgulharem-se de seu desempenho. Isto significa a abolição da avaliação anual de desempenho ou de mérito, bem como da administração por objetivos
13º princípio: Institua um forte programa de educação e auto aprimoramento.
14º princípio: Engaje todos da empresa no processo de realizar a transformação. A transformação é da competência de todo mundo.
Fonte: DEMING, W. E. Qualidade: A Revolução da Administração. Rio de Janeiro: Marques Saraiva, 1990.

Mas será que esses 14 princípios ainda são válidos na era econômica pós 2015?

 Sei que hoje não esperamos mais um crescimento grande da economia, a globalização é uma realidade, e geração de valor e inovação são cada vez mais importantes para quem quer continuar vivo no mercado, por isso vou colocar algumas posições pessoais a respeito de alguns desses princípios:

1 – Melhoria Contínua

Esse princípio que resistiu ao tempo, e que deveria ser encarado como investimento, tanto no meio acadêmico quanto no profissional, eu comparo ao ar que respiramos – é algo que você deve fazer, ou então vai morrer. É abrangente e envolve algumas das observações abaixo.

2 – Treinamentos e padronização

Eu não conheço ninguém que acha isso uma má ideia, mas será que realmente temos reinventado a forma de treinar, educar e liderar, será que estamos fazendo isso de maneira mais significativa?  Treinamentos online são bem vindos, mas vale pensar que nada substitui o “olho no olho” e os exemplos de liderança que se desenvolvem em treinamentos presenciais através da vivência de outras experiências.

3 - Constância de Propósito

Já sabemos que um dos problemas do século é a falta do foco, a superficialidade. Tenho vivenciado pouco comprometimento, pouca maturidade. As pessoas acabam por se comprometer pouco com as necessidades da organização e se sentem cada vez menos parte do problema (ou da solução). Se eu mal consigo escrever este artigo sem ser interrompida por meu celular, e parar o que estou fazendo, será que eu realmente consigo manter uma constância de propósito claro no meu trabalho e na minha vida? A questão é que temos boas intenções e às vezes até objetivos bem claros, mas nos falta a disciplina, falta de planejamento, o que torna mais fácil mudar de ideia e atingir um estado de frustração, mesmo tentando se manter competitivo.

4 – Liderança proativa e influente.

 O objetivo da alta direção deveria ser o de ajudar as pessoas, máquinas e dispositivos a executarem um trabalho melhor. Tenho observado que algumas empresas têm buscado essa tarefa. Para mim é algo extremamente necessário, é importante que se dê importância para o ato de liderar. Poucas pessoas estudam sobre, tentam aprimorar sua forma de liderar de um jeito que motive a criatividade, decisão e a qualidade. Acredito na liderança que delega e não larga, que ensina, que forma pessoas melhores e não só ensina práticas.


5 – Cuidado com o Medo, ele pode paralisar

Acredito que o medo é um sentimento que devemos prestar mais atenção. Avaliação de desempenho ainda é comum, dinâmicas de autoridade ainda são presentes, devido à natureza da relação entre gerente-empregado, mas o medo é agravado durante os períodos de recessão, quando a perda de emprego se torna uma ameaça, e esse clima torna tudo isso um pouco mais difícil e ou confuso.

6 – Trabalho em equipe

O trabalho em equipe ainda é muito necessário. Ninguém consegue chegar a um bom lugar completamente sozinho, e equipes conseguem chegar a soluções criativas quando conseguem se relacionar bem, gerando inovação e gestão do conhecimento, compartilhar deveria ser norma.

7 – Orgulho pelo que se é e pelo que se faz

Estimule as pessoas de seu direito de orgulhar-se de seu trabalho realizado.

Quando criamos propósito estamos orientando nossas equipes a se tornarem felizes e orgulhosas do que fazem. Acredito que há um grande trabalho a ser feito para se alcançar um bom resultado. Um trabalhador que realmente se orgulha do que faz pode produzir mais, eu acredito nisso, mas como fazer isso de fato, em um momento em que metodologias sérias são demolidas por seu mau uso e desconhecimento.

8 – Educação e auto aprimoramento

Acredito em desenvolvimento de programas de educação e auto aprimoramento.

Muitas empresas têm investido muito em educação continuada. Por mais que a gente tenha muito para caminhar nesse princípio, principalmente com metas individuais de auto aperfeiçoamento, quando a melhoria não se relaciona diretamente com o papel da pessoa dentro da organização, ela não é efetiva. Impulsionar auto aprimoramento é uma forma de melhorar nossos resultados, eu penso que quanto mais eu conheço de mim, mas eu sei para onde vou e como vou fazer isso.

9 –  A transformação é responsabilidade de todo mundo. 

Todos da empresa deveriam participar do processo de realizar a transformação. Aí voltamos ao assunto propósito e disciplina.

Pergunto: nós realmente sabemos nossa missão para transformar, sobreviver – e prosperar – em uma economia global em que as regras e os interesses estão mudando de forma muito rápida?
Eu acredito que nos orientar com que aprendemos com a história, isso é resiliência, pode nos ajudar a enfrentar as mudanças que estão acontecendo, lembrando que são “aprendizados”, mas que vivemos regras e condições econômicas diferentes dos últimos 50 anos. Acredito também que métodos nos ajudam a “caminhar no medo”.
Volto ao começo do nosso papo, será que os 14 princípios de Deming são uteis nos dias de hoje?
Abração!


Foto: https://sixsigmastudyguide.com/wp-content/uploads/2013/12/Deming.jpg

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